segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Onde está o teu Deus?

Jesus é a testemunha por excelência do Pai! Se quisermos conhecer o Pai devemos olhar para Jesus: “rosto divino do homem, rosto humano de Deus” (João Paulo II). Encontraremos em Sua vida despojada, em Sua entrega incondicional e em Seu testemunho de pobreza as marcas do amor de Deus! Não há divisão entre o Pai e Jesus: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30). Pelo contrário, o que há é uma unidade absoluta: “Aquele que me vê, vê aquele que me enviou” (Jo 12,45). Onde não há malfeitos nasce o testemunho!

Jesus tinha como reflexo de Si uma existência voltada exclusivamente para o Pai. Seu alimento era cumprir a vontade Daquele que o havia enviado. Chega-se a conclusão de que a vida de Cristo só tinha sentido no Pai, numa total dedicação àquilo que a fé lhe solicitava no coração.

A percepção de uma vida radicada no coração de Deus nos faz pensar sobre a realidade atual, tão carente de ícones significantes. Vivemos em uma sociedade enfastiada. Realmente cansada de tantas palavras e pouquíssimos testemunhos. Vemos somente pequenos lampejos aqui e ali. Todos os dias somos bombardeados por informações de que aqueles que deveriam dar o exemplo foram pegos na propina, na corrupção, nos escândalos e até mesmo no desvio de verbas públicas. Usurparam seus cargos e mancharam suas biografias. Em alguns ambientes parece que a lei vigorar é a da carreira jogada na lama e não a da reputação ilibada.

A triste situação não é só política, mas também nas escolas e no coração das famílias. Pais e mães alcoolizados, homens agressores de mulheres, filhos sem referenciais, perda constante de valores. Até na religião é possível encontrar o contratestemunho. Nos últimos anos temos visto fatos do passado vindo à tona por parte daqueles que sucumbiram à pedofilia. Estes trocaram o coração do Evangelho por uma perversão sexual. O Santo Padre e os bispos, em união com ele, têm se esforçado ao máximo para que os pedófilos doentes sejam afastados do ministério sacerdotal e tratados pela psiquiatria. O empenho também é o mesmo para que os demais pervertidos sejam punidos pela Justiça e paguem pelo crime desumano que cometeram contra os indefesos. Em tudo a misericórdia, mas diante do crime só cabe a justiça.

Em um cenário com tantos maus exemplos a fé parece ficar desacreditada. Às vezes, nas pequenas comunidades, que se reúnem para rezar todas as semanas, aqueles que deveriam amar, não amam, pelo contrário, vivem falando mal uns dos outros; aqueles que têm a missão de esclarecer, não elucidam, só complicam a cabeça das pessoas; aqueles que deveriam ajudar não ajudam, pois são manipulados pelo egoísmo e se esqueceram de palavras como: solidariedade, partilha e serviço desinteressado. “Deixaram de lado o Evangelho segundo Jesus Cristo e começaram a ler o evangelho segundo eu” (Alessandro Manenti).

Se não estou muito enganado há a impressão de que alguns parecem brincar com a própria fé, ao não encará-la com a seriedade merecida. O primeiro critério de quem tem fé é a busca insistente pela verdade, acima de toda e qualquer hipocrisia. O ser verdadeiro é contrário à mentira e ao fingimento. Não era São Leão Magno que dizia: “Ó cristão, toma consciência da tua dignidade”?

É o testemunho de vida quem nos dignifica como filhos do Pai e irmãos de Jesus. ‘Ser cristão’ não é um título honorífico nem uma medalha comemorativa, mas uma graça concedida pelo Espírito Santo. Ele nos ensina a continuar o Evangelho no mundo. Ele abre o nosso coração para que permitamos a existência de Jesus em nossas atitudes. Ele nos ensina a ser para as pessoas a face do Amor.

A esperança continua a clamar por um testemunho sério e coeso. Um testemunho que compreenda a fé como dom e não como uma obrigação. Basta de tanta incoerência. Muito mais que ‘ouvir falar de Deus’, as pessoas querem ‘ver Deus’ em nossas atitudes. Que o nosso comportamento fale de nossa fé.

Portanto, cabe a cada um de nós dar testemunho do Deus que acreditamos. Que olhando para nós as pessoas possam conhecer o rosto amoroso do Pai. Estamos no mundo para fazer a diferença e não para viver na mesmice do pecado. Na verdade, falamos muito do pecado e nos esquecemos do que a graça de Deus pode fazer em nós. Não fiquemos detidos nos erros, olhemos também para os acertos e apostemos que podemos ser melhores: mais santos e mais coerentes em Deus. Ele acredita em nós. Deposita Sua confiança em nosso coração! Só depende de nós a mudança interior! Que ao nos perguntarem: “Onde está o teu Deus?” Possamos responder: “Ele está em nosso testemunho!”.

Pe. Robson de Oliveira, C.Ss.R.

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