Vivemos tempos difíceis, quando buscamos uma solução para enfrentar a rebeldia da juventude. Muitas crianças, adolescentes e jovens se rebelam contra seus pais. Qual seria, então, o caminho para os conflitos atuais e como enfrentá-los de modo cristão?
O ‘não’ na vida de uma criança é tão importante quanto o ‘sim’. Dizer ‘não’ indica que a liberdade tem limites. Vivemos um tempo em que a liberdade sem limites é propagada e tudo parece ser permitido. Mas a realidade mostra que liberdade sem limites se torna prisão. O ‘não’ educa a criança para a vida, mostra a ela que até determinado ponto pode-se ir, mas ultrapassar aquele limite é perigoso.
Dizer ‘não’ significa ensinar
às crianças que nem na vida tudo é permitido. O fato de receber um ‘não’
amadurece a criança, o adolescente e o jovem para a vida. Quem nunca ouviu um
‘não’, quando se deparar com ele fará birra, esperneará e rolará pelo chão. Essa
cena é comum em muitos locais. O ‘não’ educa, desde que seja pronunciado com
amor.
Não é raro muitos pais
gastarem o salário de um mês suado de trabalho com as roupas mais caras para
seus filhos. No desejo de atender às solicitações dos pequenos, usam todo o
dinheiro em uma calça ou um tênis. No entanto, nunca têm tempo para perguntar
aos filhos como estão na escola, quem são seus amigos ou se estão passando por
alguma dificuldade.
A calça, por mais cara que
seja, um dia vai rasgar. O tênis, com o tempo, vai se desgastar. O brinquedo,
mais cedo ou mais tarde, vai quebrar. No entanto, há valores que permanecem para
sempre no coração dos filhos.
As frases: “Eu te amo”, “Você
é importante para mim”, “Em que posso ajudá-lo?” ficam para sempre gravados no
coração dos filhos. Isso não significa que os presentes não possam ser
oferecidos, mas quando eles ocupam um lugar de valor essencial para a saúde
emocional de um filho, está na hora de rever alguns conceitos.
Hoje, muitos lares estão
enfrentando as “inversões de papéis”, pois a autoridade é concedida a alguém que
passa a ocupar um lugar que não é seu. É muito comum vermos cenas em que
crianças assumem o papel de pai e mãe dentro de uma família. Talvez, por medo de
magoar os filhos, muitos pais vão concedendo às crianças uma autoridade que
ainda não é o momento de experimentarem; assim, crescem “mandando” nos
pais.
Chega um determinado momento
em que a voz dos pais se cala, e a criança, o jovem ou a adolescente, é que dita
as regras dentro do lar. O pai e a mãe agora são reféns das vontades e manias de
uma criança de cinco anos ou de um adolescente que exige que todos os seus
desejos sejam respeitados e realizados. É preciso cuidado nesses casos! Se uma
criança de cinco anos “manda” dentro de casa, imaginemos o que não fará quando
tiver seus quinze anos de idade. É preciso estabelecer os papéis de maneira
correta dentro da família, e todos saberem quem é o pai, a mãe e o filho.
Nas Sagradas Escrituras lemos:
“Não se deixem enganar: ‘As más companhias corrompem os bons costumes’” (1 Cor
15,33). Hoje, muitos pais não sabem quem são os amigos e amigas de seus filhos.
Esses mesmos pais, por vezes, se perguntam: “O que fiz de errado na educação dos
meus filhos? Sempre os levei para a Igreja, mas agora estão em um caminho
errado…”. Diante dessas questões que afligem tantos pais e mães, é preciso saber
com quem os filhos estão andando. Quem são os amigos dos seus filhos? Quais
influências eles exercem sobre suas crianças? Amigos que caminham nas trevas
também levam outros para o mesmo caminho. Por isso, sempre será necessário que
os pais conheçam os amigos de seus filhos e os oriente sobre o perigo de se
envolverem com quem caminha longe da luz de Deus.
Padre Flávio Sobreiro
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